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quinta-feira, 17 de agosto de 2017

Cidadania

No último dia 14 de junho, fizemos a nossa famosa aula de Sociologia com LIteratura e Redação 
A ideia era que produzíssemos um caderno de anotações e realizássemos observações sobre a nossa realidade. O caderno de anotações tem um outro nome no curso de Ciências Sociais, chama-se Diário de Campo.
O Diário de Campo serve para objetivar o conhecimento adquirido ao investigarmos uma sociedade ou grupo social.
Mais do que realizar essa objetivação do conhecimento, a ideia era mostrar que a Cultura, aquele conceito que trabalhamos ao longo de 2 meses, é produzida por nós mesmos.
Existe uma palavra em espanhol que denota quanto o poder da alteridade compõe o nosso Ser, essa palavra é Nosotros. Nosotros significa nós, a gente... A questão que fica é que nós (Nosotros) somos compostos por Outros, Outros que estão ao nosso redor seja através das pessoas, da comunicação ou dos símbolos.
Como toda a palavra que significa algo e coloca uma série de valores em disputa, Nosotros começou a ser, justamente, tensionada por Nosotras, no intuito de mostrar a disputa simbólica entre o protagonismo de cada seguimento da população.
Mais do que colocar essa disputa à baila, o intuito dessa saída de campo foi mostrar que a nossa cidade, naturalizada pelo nosso andar diário, é permeada por essas e outras disputas simbólicas.
Ao realizarmos uma caminhada pelo centro da cidade e passarmos por símbolos de resistência do projeto territórios negros como o tambor do sopapo ou tensionarmos a ideia de um símbolo turístico como a Igreja das Dores, vimos que se há disputa simbólica entre culturaS, então existe um outro conceito imbricado ou misturado nisso tudo chamado Poder.
Cultura e Poder andam juntos e misturados. Se existe Cultura e Poder, existem também instituições que legitimam algumas Culturas e outras não. Por isso da importância da disputa dessas instituições 
Mais do que mostrar essa rede de conceitos, inseridos em nossa cidade (Poder, Cultura, Instituições), queríamos mostrar que a vida de vocês, cada biografia, está intrinsecamente conectada com as histórias da cidade. Histórias essas que são contadas diariamente, como a reintegração de posse que ocorreu na ocupação lanceiros negros. Mais do que nunca esses três conceitos estavam relacionados naquela noite e nas outras tantas que compõem a questão da moradia na cidade de Porto Alegre.
Quando me perguntam pra que serve a Sociologia, sempre tento fugir da questão pragmática do "serve pra responder o ENEM". SIM serve, mas, acima de tudo, aprender Sociologia, Filosofia, as Ciências Humanas como um todo, mas também Matemática, Letras, Química, Biologia, é conseguir fazer a relação da minha biografia com o conhecimento construído até então e, a partir disso, produzir outro totalmente novo a partir de um método.
Mas a questão muito específica da Sociologia é conseguir DESNATURALIZAR (relacionar com a história) e ESTRANHAR (observar fenômenos sociais que nos rodeiam) as questões que vivemos diariamente. Mas olha só, não é nenhum problema fazermos essas questões automáticas, fazemos isso toda hora, justamente, para não entrarmos em dilemas a cada decisão que formos fazer. O problema é SÓ fazermos questões automáticas e nunca refletirmos sobre os nossos atos e os acontecimentos em volta. Pensar no contexto e nas pessoas em volta, debater e propor soluções para a vida em sociedade é também um ato de Cidadania (trabalharemos com mais calma nas próximas aulas).
Acima de tudo, saída de campo serviu para que relacionássemos tudo o que trabalhamos durante as aulas com a nossa vida ao redor.
Mais do que a leitura da palavra, fundamentalmente buscamos aguçar a nossa leitura de mundo, seja através das vivências e das possíveis análises que possamos fazer, seja através do estudo e da historicização da vida.
Ps.: Um agradecimento especial pro Leozin, que fez a oficina de produção de agendas. Mas também pra Dandara, Juliana, pra Vivis, o Gui e pra todo mundo que pode comparecer 

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